segunda-feira, 18 de maio de 2009

Nós e as bolachas (comentário de Luiz Carlos Prates)

Que chato ter que admitir que não somos diferentes de um pacote de bolachinhas maria. Nenhuma diferença. De quem estou falando? De nós, leitora. De você, do leitor, de mim, do Maracanã lotado. Somos todos iguais a um pacote de bolachas...

Que somos “produtos” sociais ninguém duvida. A exemplo de qualquer produto, temos que começar a conquistar os “consumidores”, os clientes, pela embalagem, isto é, pela nossa aparência externa. Nenhuma diferença de um pacote de bolachas.

Depois dessa embalagem externa, precisamos de boa qualidade interior no produto, isto é, nosso caráter, nossas ideias, nossa competência profissional, tudo nos leva a encantar ou não os nossos “clientes”, que são as pessoas que nos veem, que nos fazem circular bem no mercado. E disso resulta, a fidelidade de “consumo” de parte dos “clientes”...

Pois bem, já que somos produtos, temos prazos de validade. O nosso prazo de validade de “lançamento” do produto no mercado é a nossa data de nascimento. Quanto à data “final” de circulação do produto no mercado, bom, aí ninguém sabe. E era aqui que eu queria chegar.

Temos prazo de validade, temos um ponto final lá adiante. Ninguém sabe quando será esse ponto final e é isso o que me irrita. Sabemos que somos finitos, mas vivemos como se fôssemos infinitos. Fazemos planos, sacrifícios loucos, adiamentos de prazeres, jogamos tudo para a frente e não vivemos o hoje, que é o nosso único momento garantido.

Nessa semana, falei aqui que certas doenças, como o câncer, são típicas dos infelizes, o que não quer dizer que todo infeliz existencial venha a ter câncer. Não é isso, deixei claro que pesquisas feitas em hospitais psiquiátricos descobriram que os pacientes internados, os “loucos”, como dizem os do lado de fora do sanatório, não sofrem com suas doenças.

Pelo contrário, vivem belamente suas fantasias, a doença mental não produz dores. Entre esses pacientes são raros os casos de câncer, raríssimos. São felizes esses pacientes? E agora?

Além disso, todos temos os nossos pontos de menor resistência no organismo, por aí começam as doenças. As infelicidades nutrem todo tipo de doença. Daí que ser feliz, ou não ser encrencado, é a melhor vacina para a boa saúde.

Quanto ao prazo de validade, é bom dele não esquecer. Ao nascer, o relógio da vida começa a correr para trás, menos um segundo, menos dois, menos três... e até quando? Como não sabemos quando o relógio vai parar, melhor é começar a viver, não achas, leitora? E tu, leitor, vais começar a viver quando?

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