segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Chegou o fim do ronco?

Cerca de 70 milhões de brasileiros roncam e uma outra parte, algo em torno de 4% a 5%, tem problemas relacionados com os distúrbios do sono, principalmente apnéia — interrupção do fluxo do ar que pode levar à morte.

Está sendo testada no Brasil uma injeção que promete acabar de vez com o ronco. Batizada de “roncoplástica”, a novidade é aplicada em três pontos do céu da boca, próximo a epiglote — a chamada campainha — e no prazo de sete a dez dias há um enrijecimento da região, pondo fim ao ruído desagradável que atormenta muita gente.

A injeção roncoplástica é na verdade um combinado das substâncias oleáto de monoetanolamina e o etano, também usadas para a retirada de varizes. Os resultados foram positivos em 85% dos voluntários que se submeteram aos testes realizados pela Universidade de São Paulo (USP). Outro ponto a favor é o preço: R$ 25.

Embora ainda nem tenha sido lançada no mercado, a injeção já gera polêmica entre os médicos. Primeiro, apesar de estar sendo tratada até como revolucionária, num viés sensacionalista, o produto serve apenas para alguns casos.

O otorrinolaringologista Pedro Cavalcanti explica que o ronco é apenas um sinal de que algo pode estar errado, muitas vezes relacionado com obesidade, sedentarismo, flacidez muscular, problemas pulmonares e cardíacos e até diabetes.
Ele explica que as intervenções cirúrgicas para acabar com o ronco evoluíram bastante, desde a diminuição do palato mole com o uso do bisturi convencional, até o laser, a escleroterapia e as cauterizações com um aparelho chamado somnoplastia, uma espécie de cautério computadorizado. A maioria desses métodos queima o tecido, fibrosando-o, mas não sem risco de necrose.

“E agora fizeram o que era mais lógico. Pegaram a mesma substância que se usa para varizes, e ao injetar ela destrói o tecido e cria uma cicatriz por dentro. É uma droga menos agressiva que um cautério. Ela causa uma reação inflamatória dentro do músculo e do palato e ao cicatrizar o palato fica mais tenso, vibra menos e diminui o ronco”, explica Pedro Cavalcanti. Mas adianta: “Jamais vamos vender essa idéia.”

O tratamento com a “roncoplástica” deve ser feito com mais de uma aplicação, e sim de forma seriada, segundo o otorrino. “Ninguém vai ser louco de jogar uma substância esclerosante numa área que possa ter complicações”, comenta Cavalcanti. “Eu não quero dizer que o procedimento está alijado. Precisa ser mais avaliado. Em medicina, a gente precisa ter cuidado com essas coisas.”

O ronco é a vibração resultante da passagem do ar pelas partes moles da faringe, como explica Pedro Cavalcanti. Porém, outras regiões podem vibrar, como a base da língua, as amídalas, a epiglote. O barulho é resultante de um afunilamento por que passa o fluxo de ar na faringe, numa espécie de turbilhonamento. O palato mole ou véu palatino é a região que tem maior possibilidade de vibrar, uma vez que é considerada uma das partes mais flácidas do corpo.

Alguns fatores contribuem para o surgimento do ronco: amídalas muito grandes, tumores, desvio do septo nasal entre outros. E pode ser agravado pelo álcool e fumo, além do sobrepeso. Ter uma vida saudável com a prática de atividades físicas diárias ajuda a solucionar ou amenizar o problema. Medicamentos para dormir, tranqüilizantes, também podem provocar o ronco, já que relaxa a musculatura, inclusive da faringe.

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