segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Artista Apodiense é reconhecido pela Gazeta do Oeste.

Celso do Nascimento (Da caixa ou dos Tremendões) é reconhecido por FERREIRA DA GAZETA DO OESTE em Especial para o Expressão:

Os que se atrevem a fazer arte têm o dever de se penitenciar por pecados involuntários cometidos pelos caminhos trilhados pela sua carreira, muitas vezes sem sucesso. É que eles ficam conhecidos por um sem número de pessoas, fãs, em certas ocasiões, e a memória do computador humano que existe dentro de nós não consegue absorver todas as imagens que por ela desfilam, chegando, inclusive, a deletar algumas delas. Prova disso é que o artista encontra muitos que os cumprimentam, a maioria pronunciando o seu nome, e ele responde, embasbacado, juízo fervendo tentando imaginar de qual das suas apresentações ou em qual lugar os conhecera.

Foi batendo um papo com Celso do Nascimento Filho, que adotou o nome artístico de Nelson Nascimento, que fiquei sabendo do seu "contato" comigo (que não me lembro, é claro) ainda nas serestas realizadas na antiga "Casablanca", da amiga Navegantes, todas as quartas-feiras.

Celso confessa que foi numa dessas serestas que admirou uma música intitulada "Diálogo", cantada em dueto por mim e pela areia-branquense Amanda Costa, autora da mesma. No acompanhamento estavam Nestor no teclado e Mazinho Lima na guitarra. Fazíamos música ao vivo semanalmente na "Casablanca". Por lá passaram diversos artistas, entre eles Evilásio Marcelino no teclado, João de Deus e Zélia, Oséas, Cassi, Ilo de Souza e muitos mais. Amanda Costa, para quem não sabe, foi a primeira ganhadora do concurso "A Mais Bela Voz", até hoje promovido pela Rádio Rural de Mossoró, interpretando a música "Cinderela".

Apesar de seu vínculo empregatício com uma repartição, continua até hoje cantando nas noites norte-rio-grandenses.Era disso que iríamos falar? Desviei-me do principal.

Na vizinha cidade de Apodi morava o casal Celso José do Nascimento, ou simplesmente "seu" Nozinho e dona Clotilde Amélia. Ele analfabeto, a exemplo de "seu" Zé Ferreira, meu pai. Nasceu Celso do Nascimento Filho.

Logo na infância aflorou sua veia artística, vindo o incansável interesse por instrumentos musicais. Não falta quem queira ajudar, dar uma "forcinha", quando se percebe que alguém tem inclinação por uma coisa. E um parente de Celso mostrou-se logo prestimoso: "Lá em casa tem um cavaquinho, se quiser emprestado, pode ir pegá-lo. Mas tem uma coisa: está quebrado".

Isso não era obstáculo que não pudesse ser transposto. Correu, buscou o instrumento, mandou consertá-lo imediatamente e começou a dedilhá-lo com determinação. Tamanha foi sua alegria quando o tio músico Philastro do Carmo anunciou que iria ensiná-lo.

Com ele aprendeu a afinação do instrumento e os primeiros acordes. Pensando estar em bom andamento o seu projeto de ser artista, veio a bomba. "Olhe, menino, vejo que você está indo bem, porém, muito constrangido, venho pedir o cavaquinho de volta, pois dele estou precisando para fechar um negócio... (enrolação, enrolação, enrolação)", sentenciou o parente dono do instrumento.

Dá para imaginar o desapontamento e a tristeza de Celso. "Como é que pode? Depois de gastar minhas economias pra consertar o 'bicho', vem o 'cara' e pede de volta!", resmungava.

Sabendo do ocorrido, "seu" Nozinho ficou por demais comovido e resolveu dar ao filho um violão "zerado" de presente. Aí Celso criou alma nova. Começou a receber aulas do primo José Irenaldo sobre afinação, conhecimento de escala e tonalidades. A seguir, como autodidata, foi desenvolvendo o aprendizado, não só no violão, mas passando por cavaquinho e acordeom e, posteriormente, diversos outros instrumentos, como contrabaixo e guitarra.

Entrou para escola de música da Fundevap, escolhendo a clarineta para aprendizado, pois o aluno tinha que executar um instrumento de sopro. O responsável era o maestro Evangelista, tenente da Polícia Militar, responsável pela maior parte dos músicos apodienses daquela época. Como militar, era linha dura. Com ele tinha que aprender mesmo.

Houve uma oportunidade em que o aluno não acertava executar a seqüência de notas que estavam na partitura. Maestro Evangelista tomou de um pedaço de madeira que servia de trave para fechar a porta da escola, amarrou-lhe os dedos com fita adesiva aos pistos, e deu o ultimato: "Se você não tocar o que está lendo, 'pranto-lhe' esta trave nos peitos". Apavorado, o pobre aluno começou a tocar e, quase tremendo de medo, não conseguiu o feito. O tenente não se fez de rogado e atirou a trave contra ele. O instinto de defesa fez com que o pobre rapaz usasse o pistão como escudo, quebrando-lhe ao meio com o impacto do pedaço de madeira.

Por essas e outras Celso não era doido de deslizar qualquer instante nas aulas determinadas pelo mestre. O primeiro grupo musical do qual participou, durante dois anos, foi o "Natu Samba", aos 20 anos de idade. Nessa época estava estudando o antigo Científico em João Pessoa, capital da Paraíba.

Em Apodi, inscreveu-se em um concurso público e outro para o Banorte (hoje extinto), sendo aprovado em ambos. Isso em 1981. Foi trabalhar no Banorte (ainda bem que em Apodi, pois em Mossoró teria talvez de passar pelo mesmo que o meu amigo Hamilton: ser refém de um assaltante de nome Falconi, com uma seringa cheia de mercúrio cromo na garganta, afirmando que seria sangue infectado com o vírus HIV. Falconi foi fuzilado antes de conseguir fugir do banco).

Também dava aulas em escolas da rede pública. Em 1984, aquele concurso pelo qual passara surtiu efeito e Celso foi convocado para a Caixa Econômica Federal com sede em Umarizal. Serviu naquela cidade até sua transferência para a agência daquela instituição de crédito sediada em Mossoró, no ano de 1990.

Na sua lida diária nunca se deu ao luxo de abandonar o que tanto gosta: a música. Continuou se aperfeiçoando, até que em 1992 teve a grata surpresa de ser convidado por membros do tão conhecido grupo "Os Tremendões" para fazer um teste como guitarrista-solo em substituição ao tão decantado mestre João de Deus, que estava se desligando do conjunto.

A responsabilidade que caía às costas não era nada fácil. Apreensivo, aceitou o convite, obtendo aprovação por parte dos demais músicos da banda, na qual permanece até hoje. A primeira vez que tivemos, eu e ele, um contato direto, foi num evento promovido no "Clube da Caixa", em que a minha enteada Rosalili me fez o convite para ir até lá tocar e cantar umas "loas". E era justamente Celso quem cuidava do som. Fiquei meio sem jeito quando soube que era músico. Mesmo assim fizemos uma parceria numas duas ou três músicas.

Em 2000 Celso formou o grupo "Flor de Lis", composto por ele nas cordas, Manoel Geogino no teclado e Pereira na voz. Tocou em eventos diversos, como casamentos, seminários, festas particulares. Quando o contratante exigia mais volume musical, o grupo contratava a voz de Alzinete di Oliveira, hoje também integrante de "Os Tremendões".

Em 2004 gravou em estúdio de Natal o CD "Jovem Guarda", quando "Os Tremendões" obteve aceitação total entre o público que aprecia o estilo, principalmente os que viveram a época inesquecível dos anos 60 e 70. No ano seguinte o grupo ousou mais ainda, lançando o DVD de "Os Tremendões", gravado ao vivo. 2004 também foi o ano da realização de um grande sonho para Celso Nascimento: a montagem, produção e gravação do seu primeiro trabalho-solo, o CD instrumental "Sons de Carrilhões", baseado na obra do grande violonista Dilermando Reis. 14 faixas enriquecem esse trabalho masterizado no Estúdio 31, do meu amigo Assis. "Gotas de Lágrimas", valsa de Mozart Bicalho; "Sons de Carrilhões", choro de João Pernambuco; "Brejeiro", tango brasileiro de Ernesto Nazareth; "Magoado", choro de Dilermando Reis; "Marcha dos Marinheiros", de Américo Jacomino; "Romance de Amor", de Dilermando Reis; "Volve, Volve", polka paraguaia de Cartola; "Abismo de Rosas", valsa de Américo Jacomino; "Granadina", serenata de Calle Barreta; "Gauchinha", mazurca de Dilermando Reis; "Saudade de Ouro Preto", arranjo de Dilermando Reis; "Apelo", de Baden Powell; "Tristesse", Op. 10, No. 3, de Chopin; e "Adelita", mazurca lírica de Tárraga.

Fui presenteado pelo Celso com esse trabalho, na época do lançamento, ouvi, gostei, aconselho, sendo ele presença constante no meu aparelho de som.

Apreciador da boa música brasileira, Celso Nascimento trabalha agora seu novo projeto, que é gravar um CD de "chorinho", trazendo composições inéditas, autoria do músico apodiense Manoel Georgino, tecladista seu colega do grupo "Os Tremendões". Afirma que muito em breve lançará esse trabalho, garantindo o seu sucesso entre os que apreciam o gênero. Conta que "Os Tremendões" foi tocar na cidade de Souza, Paraíba. Como no contrato inseria hospedagem e alimentação dos componentes, a surpresa e decepção foram gerais ao perceberem que as "quentinhas" servidas para o jantar estavam 'cheinhas" de comida estragada. Foi a partir desse episódio que resolveram fechar os contratos deixando a comida por conta de cada um, evitando transtornos dessa natureza.

Celso Nascimento hoje é um dos sócios do conjunto, desenvolvendo o trabalho de coordenação e atuando como empresário. É casado com dona Francisca Antônia, com quem teve dois filhos: Glauber Vinicius, de 20 anos, e Valéria Samantha, contando 18. É bom desfrutar da amizade desse apodiense sério (que não quer dizer sisudo) e bom caráter.



Nota do Blog: Valeu Celso de Nozinho, conquiste ,mais e mais espaços. tenho boas lembranças de quando tocavamos no onibus de Zé Macaco, bebendo cachaça na volta da faculdade e você dava um show quando eu tirava minha camisa e colocava no chão pra você tocar seu cavaquinho com os pés em cima dela.

Moro na fazenda que seu pai e você ajudaram a construir e que até hoje tenho certeza que ainda tá na sua memoria. Um braço do seu amigo Eider Maia.

Nenhum comentário: